Fábricas de carros elétricos da Renault já simbolizavam uma virada: montadoras tradicionais como Ford, Renault, Volkswagen e Nissan entraram em uma corrida para encurtar pela metade o tempo de desenvolvimento de carros elétricos e alcançar rivais chinesas.
Com novos processos que misturam plataformas prontas, software atualizado à distância e testes cada vez mais virtuais, modelos como o Twingo elétrico, previsto para 2026, simbolizam essa virada, enquanto especialistas alertam que a pressa pode comprometer padrões de segurança em todo o setor.
Corrida global para não ficar atrás da China
Executivos do setor automotivo admitem que a palavra de ordem agora é velocidade.
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Montadoras ocidentais se veem pressionadas pelo avanço de grupos chineses, que conseguem tirar um carro elétrico do papel em cerca de 18 a 20 meses, combinando plataformas flexíveis, software em rápida evolução e fábricas altamente integradas.
Nesse cenário, o tempo tradicional de desenvolvimento, que passava de quatro anos em muitas montadoras, passou a ser encarado como uma sentença de morte competitiva.
Consultores do setor lembram que, se um projeto leva cinco anos até chegar ao mercado, o modelo corre o risco de nascer velho diante da velocidade das inovações em eletrificação, conectividade e serviços digitais embarcados.
Parcerias e plataformas para ganhar velocidade
Para correr atrás do prejuízo, montadoras como Ford, Renault, Volkswagen e Nissan estão redesenhando todo o fluxo de desenvolvimento.
A Ford, por exemplo, escolheu a Renault como parceira para produzir pequenos carros elétricos na Europa depois que a montadora francesa conseguiu reduzir pela metade o tempo de criação de novos modelos para menos de dois anos.
Na Volkswagen, o ciclo de desenvolvimento de veículos elétricos produzidos na China foi encurtado em aproximadamente 30% em relação ao processo anterior, que demorava pouco mais de quatro anos.
Já a Nissan lançou na China o sedã elétrico N7, com preço abaixo de US$ 20 mil, após cerca de dois anos de trabalho em conjunto com a parceira local Dongfeng, com exportações para outros mercados previstas a partir do ano seguinte ao lançamento.
Caso Renault: Twingo elétrico em 21 meses
Um dos símbolos dessa virada é o novo Twingo totalmente elétrico da Renault, que deve chegar às ruas em 2026.
O modelo é o primeiro a sair de um processo de design criado em um centro avançado de desenvolvimento na China, em Xangai, onde cerca de 150 engenheiros e especialistas locais ajudam a acelerar decisões de projeto, integrar fornecedores e encurtar etapas burocráticas.
In practice, montadoras como a Renault passaram a desenvolver diferentes partes do carro em paralelo, ao mesmo tempo em que a linha de montagem na Eslovênia já começava a ser preparada.
Em torno de 45% das peças do Twingo vieram de fornecedores chineses, acostumados a produzir componentes quase em tempo real, o que cortou pela metade prazos que, na Europa, costumavam levar de um a três meses entre pedido, cotação e fabricação.
A própria rotina de trabalho mudou. Quando a equipe decidiu que não gostava do desenho de uma maçaneta interna da porta, não houve tempo para refazer todo o circuito formal de aprovação.
As mudanças foram alinhadas por mensagens de WhatsApp entre times em países diferentes, e o fornecedor ajustou o componente em poucos dias, sem paralisar o cronograma do carro.
No fim, o Twingo elétrico ficou pronto em 21 meses, e o desenvolvimento do novo minicarro Dacia Hipster, baseado na mesma plataforma, deve ser ainda mais rápido, estimado em 16 meses.
Para as montadoras tradicionais, esse tipo de reaproveitamento de plataforma virou peça central da estratégia para enfrentar a ofensiva chinesa na Europa.
Software, testes virtuais e quilometragem menor
O segredo da velocidade está em uma combinação de reutilização de componentes já aprovados, simulações digitais e testes de laboratório que substituem uma parte das provas físicas.
Montadoras que antes insistiam em validar tudo do zero agora apostam em plataformas comuns, atualizações de software e arquitetura eletrônica simplificada para ganhar meses de desenvolvimento sem, ao menos no discurso, abrir mão da segurança.
Consultorias do setor apontam que fabricantes chineses de veículos elétricos fazem testes de durabilidade que cobrem, em média, 600 mil quilômetros por carro, contra os 3 milhões de quilômetros exigidos tradicionalmente por muitas montadoras estrangeiras.
Além disso, grupos chineses aceitam lançar carros com problemas de software ainda em correção, confiando em atualizações remotas posteriores para resolver falhas, otimizar sistemas e adicionar novas funções ao veículo já nas mãos do consumidor.
Enquanto isso, montadoras tradicionais temem que um defeito em software lançado às pressas manche décadas de construção de reputação.
Por isso, muitas delas insistem em validar todos os sistemas antes da estreia comercial, mesmo que isso signifique chegar mais tarde ao mercado de carros elétricos de entrada, justamente o segmento em que as chinesas avançam mais rapidamente.
Risco de segurança e choque cultural nas montadoras
É nesse ponto que cresce o alerta de especialistas em segurança veicular.
A cultura do “segurança em primeiro lugar”, muito forte em várias montadoras japonesas e europeias, está colidindo com a lógica do mundo do software, em que se lança rápido, corrige depois e repete o ciclo em atualizações sucessivas.
Para reduzir o tempo de desenvolvimento, algumas empresas precisam aceitar mais risco, e nem todas estão preparadas para essa guinada cultural.
Ao mesmo tempo, executivos lembram que existe um limite técnico considerado incomprimível: um período de cerca de 12 meses em que engenheiros precisam sair da fase totalmente digital, construir protótipos físicos, rodar testes de validação e preparar as linhas de produção em escala industrial.
O desafio das montadoras agora é acelerar tudo o que for possível antes e depois dessa janela, sem ultrapassar a linha tênue entre eficiência e segurança em um mercado em que chegar atrasado pode significar perder o jogo para sempre.
Is that you, acha que as montadoras estão indo rápido demais ou essa pressa é o preço inevitável para competir com as chinesas no mercado de carros elétricos?








